
O LUGAR ONDE RIOS E VEIAS SE ENCONTRAM

"Sempre vi o corpo como um erro, até aceitar que a natureza nunca desenha linhas fixas."
UM PROJETO NASCIDO DA EXPERIÊNCIA DA ARTISTA COM TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL
Ana Pais
Artista contemporânea multidisciplinar

* Toda a informação apresentada neste website é propriedade da artista Ana Pais e está protegida por direitos autorais. A sua reprodução, distribuição ou utilização sem autorização prévia é estritamente proibida.
( Este projecto NÃO foi criado com recurso a Inteligência Artificial )

THE BEAUTY OF DECAY
Um olhar sobre a impermanência do corpo, onde a forma se dissolve e a paisagem emerge.

A semente
Não foi sob uma ordem natural, mas a semente foi plantada. Premeditada e criteriosamente escolhida por outros, foi por mim assimilada. A escolha da semente, do seu tipo, não foi minha. Foi uma necessidade que surgiu como uma imposição externa.
Com o tempo reguei, cuidei e sobretudo alimentei essa semente para que fizesse parte de mim. Esse elemento era-me desconhecido inicialmente, e o meu corpo não o assimilava, mas era admirado pelos outros.
Foram esses outros que, ao moldarem-me, desenharam os contornos de algo que ainda não reconhecia. Mas foi em mim que a essência nasceu, tomando forma não pelo que me impuseram, mas pelo que transformei.
Pouco a pouco, a raiz entranhou-se, ajustou-se à minha pele, aprendeu as minhas curvas e os meus gestos.
O que antes era estranho tornou-se familiar, até que já não sabia onde terminava a imposição e começava o que, afinal, sempre foi meu.

O corpo e a terra partilham a mesma linguagem: vales que seguem a curvatura da pele, montanhas que erguem densidades ósseas em rocha. Na erosão do tempo, ambos se desfazem e se reinventam.

A pele fissura como o solo seco, as estrias seguem a topografia da terra, as rugas desenham o tempo na carne como rios extintos na paisagem. O corpo é solo habitado, esculpido pela passagem dos dias.
O corpo e o território moldam-se mutuamente, num ciclo de mutação onde a forma se dissolve e se refaz, ecoando a impermanência da matéria.







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