Decomposição
Nesta vertente do projecto, a decomposição é mais do que um fim — é um processo contínuo de transformação. Os vídeos em loop mostram um dos corpos das paisagens digitais em um estado de mutação constante, simulando a decomposição de forma digital, mas refletindo o ciclo natural da matéria orgânica.
Diferente das peças estáticas, onde a transformação é congelada no tempo, aqui o corpo dissolve-se progressivamente, passando por diferentes níveis de abstração até se dissipar por completo na paisagem.
No fim, já não há corpo, apenas vestígios dissolvidos na paisagem, como um eco apagando-se na vastidão do tempo.
A matéria que outrora foi forma agora se dispersa, fundindo-se ao terreno como se sempre lhe pertencesse.
É o percurso inevitável da existência — nascer, transformar-se e, por fim, desaparecer — uma linha que se estende desde a origem até ao silêncio final.
Cada forma é efémera, um instante de solidez na impermanência. Surge, molda-se, fragmenta-se e cede lugar ao que vem depois, num ciclo contínuo onde nada é fixo, e tudo é apenas uma transição para aquilo que ainda não é.
Dois vídeos foram concebidos para serem projetados em galeria a uma velocidade extremamente lenta, criando a ilusão de uma imagem estática, quando na verdade estão em constante movimento. Cada visitante testemunhará um momento único, distinto do que outro observador verá, tecendo uma analogia à transformação imperceptível do nosso próprio corpo — uma mudança contínua que ocorre a cada instante, mesmo sem nos darmos conta.
A Dissolução do Corpo
A velocidade acelerada neste segundo vídeo cria um desconforto intencional, lembrando-nos da nossa falta de controlo sobre a própria fragilidade. A matéria não é estática — está sempre a mudar, mesmo quando os nossos olhos não a conseguem captar.
Aqui, a decomposição não significa apenas o desaparecimento, mas uma fusão inevitável entre o ser e o ambiente, onde cada fragmento resiste apenas pelo tempo necessário para se transformar noutra coisa.
A composição sonora caracteriza-se por uma abordagem minimalista e profundamente atmosférica, concebida para reforçar a experiência sensorial e imersiva da exposição.
Equilibra frequências baixas e sustentadas, criando um ambiente reverberante que remete para espaços subterrâneos ou cavernosos, com texturas sonoras subtis e orgânicas compostas por transientes curtos e granulares, como pequenos clicks ou estalidos, sugerindo elementos naturais em decomposição.
A dinâmica contida, pontuada por silêncios estratégicos, destaca o vazio como um recurso expressivo intencional também explorado nas peças Corpuscapes, reforçando o conceito de ausência e impermanência.
Este contraste entre o peso dos graves profundos e a delicadeza das texturas granulares amplifica a percepção do espaço e do tempo, sublinhando a beleza e fragilidade da decomposição retratada na exposição.
No fim, não há distinção entre corpo e paisagem, entre presença e ausência. Apenas a contínua mutação, onde existir é apenas um instante.

THE BEAUTY OF DECAY
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