"Na abstração do preto e branco, já não há corpo ou paisagem, apenas formas que se repetem. Onde antes havia julgamento, agora há reconhecimento—somos matéria do mesmo solo."
Esqueletos Fluídos, Territórios Mutantes
CARTOGRAFIA DA MATÉRIA VIVA
Desde o início, os desenhos nasceram de um gesto intuitivo, um exercício de memória onde o corpo e a paisagem se confundem.
Criados sem referência direta, são formas em suspensão — fragmentos ósseos impossíveis, raízes que nunca tocaram a terra, vestígios de organismos que nunca existiram. São composições que oscilam entre o familiar e o desconhecido, evocando a fusão entre anatomia e natureza.
As formas seguem a lógica orgânica do crescimento — ramificam-se como raízes subterrâneas ou veias que se multiplicam em trajetórias imprevisíveis.
O desenho cresce como cresce a matéria viva — sem um plano fixo, num equilíbrio entre impulso e contenção.
Este trabalho é apenas o início de uma pesquisa visual mais ampla, onde diferentes técnicas de pintura e materiais serão explorados para traduzir a efemeridade e a transformação da matéria.
No horizonte, a tridimensionalidade surgirá como uma nova camada desta investigação — esculturas e relevos que darão peso e matéria a estas estruturas flutuantes, como fósseis à espera de serem descobertos.
Cartografias Líquidas,
Ecos Orgânicos
A experimentação contínua com tintas, texturas e processos de impressão expandirá este território, aproximando o digital da materialidade pictórica.
Esta investigação pretende explorar também paralelos entre estudos microscópicos em laboratório e técnicas tradicionais como aguarela, dissolvendo as fronteiras entre ciência e arte.
A fusão entre corpo e ambiente manifesta-se através de formas fluidas, onde a fragilidade da matéria se revela em composições orgânicas e mutáveis. Assemelhando-se tanto a vestígios anatómicos como a cartografias biológicas, estas pinturas evocam a impermanência do corpo e a sua contínua transformação.
Cada superfície é um palimpsesto visual, onde novas expressões emergem para aprofundar a metáfora da fusão entre organismo e território.
THE BEAUTY OF DECAY
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